A publicitária Fernanda Natel, hoje com 35 anos, jamais poderia imaginar que um pequeno nódulo na axila esquerda seria o primeiro sinal de uma batalha intensa contra o câncer. Aos 24 anos, vivendo uma fase promissora da carreira e mantendo uma rotina ativa, ela percebeu a presença de uma bolinha do tamanho de uma gude.
Inicialmente, não deu muita atenção ao sintoma e procurou uma dermatologista, que recomendou a remoção do nódulo e encaminhou o material para biópsia. O laudo inicial não apontou sinais de malignidade, permitindo que Fernanda seguisse com sua vida sem preocupações.
Porém, algum tempo depois, o nódulo reapareceu, acendendo um alerta. Em meio aos compromissos profissionais, decidiu investigar o problema novamente. Dessa vez, os médicos notaram que a bolinha estava vascularizada e indicaram uma cirurgia mais detalhada para sua remoção completa.
Após o procedimento, veio a notícia que mudaria sua vida. Acompanhada da mãe, Fernanda recebeu o diagnóstico de sarcoma de Ewing, um tipo raro de câncer ósseo que também pode afetar tecidos moles. O impacto da revelação foi avassalador. Ainda assim, apesar do choque, ela manteve a esperança e decidiu encarar o tratamento com determinação.
Descobriu que o primeiro exame havia sido um falso negativo, atrasando o início do tratamento em um ano. Com o diagnóstico correto, foi encaminhada ao oncologista Rodrigo Munhoz, do Hospital Sírio-Libanês, que detalhou a complexidade da doença. O tratamento do sarcoma de Ewing é agressivo, envolvendo cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.
Fernanda passou por 51 sessões de quimioterapia, 26 de radioterapia e uma cirurgia. Antes de iniciar o tratamento, foi orientada a congelar óvulos, pois a quimioterapia poderia comprometer sua fertilidade. Durante esse período, precisou mudar completamente sua rotina, evitando locais movimentados e suspendendo atividades físicas devido à imunidade debilitada.
Além dos desafios físicos, enfrentou impactos emocionais e na autoestima, mas nunca perdeu a esperança. Após um ano e meio de luta, veio a tão esperada notícia: estava livre do câncer. Mas sua vitória não parou por aí. Seis anos depois, recebeu outra grande surpresa ao descobrir que estava grávida de seu primeiro filho, João Pedro.
Um ano depois, veio Martina. Para sua alegria, não precisou recorrer aos óvulos congelados, pois as gestações aconteceram de forma natural. Hoje, Fernanda celebra não apenas sua cura, mas também a realização do sonho de ser mãe. Depois de tudo o que enfrentou, gerar duas vidas saudáveis foi a maior recompensa de sua resiliência e força.